terça-feira, janeiro 30, 2007

Uma tarde, apenas

Hoje, durante a tarde, fui dar um passeio pela beira- mar. O sol ameno mas presente, um livro na bolsa e a disponibilidade para me observar. Depois de caminhar um pouco sentei-me sob a relva voltado para o mar.

Abri o livro e dei continuidade à minha leitura mas, confesso, estou cansado de leituras. Creio que demorei 1h30 a ler 10 páginas. Lia, parava, lia parava. Cansaço. Na verdade estava apenas a confrontar-me com algumas questões! Porque estou eu a ler isto, quando eu já sei isto? Porque tenho sempre de estar a confirmar isto?

É incrível as coisas que fazemos para perceber o percebido, é incrível como somos resistentes a aceitar que as coisas são...assim apenas!

Fechei o livro. Ficou isto:


como uma dança,

as ondas vêm e vão.

ao fundo,

repousa o sol sob o mar.


Daterra


Folhas que caem



profundo silêncio.

a voz do vazio anuncia

o regresso a casa.

morro diante de mim.

agora.

Daterra


contornos de luz

ao dissiparem-se as nuvens.

encontra caminho

o girassol.

Daterra


nas águas límpidas de um rio,

as minhas mãos tocam

transparente eternidade.

Daterra


por entre os espaços da cortina,

a luminosidade toca o meu olhar.

manhã cedo. primeiro acordar.

Daterra

domingo, janeiro 28, 2007



Na sala ampla, encontro a almofada

de meditação ao centro.

Um gesto teu traz à pele do meu

rosto novo indício.

Tacteia-me a humidade do sal ao deslizar.

Desapareço em ti.


Daterra

imagem: budismo-porto-de-encontro.blogspot.com/

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Folhas caem, um novo rebento



No percurso da nossa prática e conhecimento, considerando o processo de um modo específico, acabamos por descobrir como, afinal, é tão difícil e raro tornamo-nos simples e humildes – esvaziar-nos a nós mesmos, para sermos apenas principiantes, prontos para fazer tudo de novo, com frescura, como por exemplo, ver as pessoas e as coisas sempre com novos olhos.

Se bem que seja bastante fácil tornamo-nos grandes mestres neste mundo, já não é nada fácil sermos apenas a modesta folha de uma pequena erva selvagem. Se bem que seja fácil mover montanhas e rios, erguer centenas de gigantescos castelos de meditação, já não é nada fácil amarmos as nossas crianças e vizinhos dum modo verdadeiro. Muito embora seja fácil sermos como máquinas de sentar e cabeças duras com as nossas
auto-convicções, já não é nada fácil sentarmo-nos num estado pacífico, sem interferência das nossas mentes e pensamentos, só por dois minutos que seja.



Como nos diz o mestre Zen, Dogen, o que necessitamos sempre é de nos esvaziarmos e de vermos, como realmente somos, com os olhos da maior humildade.

“A menos que a direcção do nosso desejo e voto original
seja incessantemente verificado e questionado na sua qualidade
todas as nossas práticas e vidas serão dispendidas em vão”


Hôgen Yamahata, em Folhas caem, um novo rebento

quarta-feira, janeiro 24, 2007



O vento a soprar entre as árvores.

Silêncio solto.

Os ramos balançam, entregam-se algumas folhas.

Ao cair.

Pergunto-me,

elas partem, ou chegam?

Daterra

segunda-feira, janeiro 22, 2007



Faz das tuas mãos o poema que ainda não leste.


Daterra

iamgem: isis1.blogs.sapo.pt/arquivo/1002852.html

sexta-feira, janeiro 19, 2007



Deixamos as palavras, este instante que seja.

Olhamo-nos de olhos profundamente fechados,

isso é suficiente.


Daterra

terça-feira, janeiro 16, 2007

Partilhar



Partilho convosco mais um trabalho que estive entretido a fazer nestes dias.

Ainda estou a concluir outros mas, para já, aqui ficam estes.


Técnica:

tinta permanente e aguarela sobre papel A4






















segunda-feira, janeiro 15, 2007

A liberdade



A liberdade consiste sobre tudo em estar livres dos nossos
conceitos e ideias. Se estamos presos nos nossos conceitos e ideias,
podemos sofrer muito e também fazer sofrer os seres que amamos.

Thich Nhat Hanh em "No dead, no fear"

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Presença

Este é um trabalho ao qual estive dedicado nestes últimos dias.

São um conjunto de doze imagens, aqui partilho convosco

apenas quatro delas. Se quiserem ver as outras apareçam lá em casa:)

Fiquei muito contente com ele, espero poder permitir-vos o "mesmo".



Intitulei-o de "Presença"

imagens: 20 cm por 20 cm
técnica: tinta permanente e aguarela














segunda-feira, janeiro 08, 2007

Saudades...



saudades da companhia...
saudades das conversas...
saudades da amizade e carinho...
saudades da presença...
saudades de um coração selvagem...

http://www.yogalivre.com/portal/

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Disse o Principezinho



- Os homens da tua terra são capazes de plantar cinco mil rosas no
mesmo sítio... - disse o principezinho. - E, apesar de terem um
jardim com muitas rosas, não descobrem aquilo de que andam à procura...

- Pois não... respondi eu.
- E podiam descobrir aquilo de que andam à procura numa única rosa
ou num único golo de água.

- Pois era - respondi eu.
O principezinho acrescentou:

-Mas os olhos são cegos. Só se procura bem com o coração.


Antoine de Saint-Exupéry em "O Principezinho"

terça-feira, janeiro 02, 2007



Quando olho para dentro, vejo que sou nada e isso é sabedoria,
quando olho para fora vejo que sou tudo e isso é compaixão.


deconheço autor