quinta-feira, janeiro 31, 2008

Não tenho pressa



Não tenho pressa.
Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua:
estão certos.

Ter pressa é crer que a gente
passa adiante das pernas.
Ou que, dando um pulo, salta
por cima da sombra.

Não; não tenho pressa.
Se estendo um braço,
chego exactamente onde
o meu braço chega.

Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
E isto faz rir como todas as verdades
absolutamente verdadeiras.

Mas o que faz rir a valer é que nós
pensamos sempre noutra cousa.
E somos vadios do nosso corpo.

Alberto Caeiro
Nota: A bonita imagem chega-nos pela gentileza da amiga Atimati.
Na imagem vemos a sua mestra de branco, shantimayi, com arundati .

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Feliz dia de continuidade

Se você olhar profundamente na palma de sua mão, verá seus pais e todas as gerações de seus ancestrais. Todos eles estão vivos neste momento. Cada um está presente em seu corpo. Você é a continuação de cada uma dessas pessoas. Nascer significa que algo que não existia passou a existir. Mas o dia de nosso "nascimento" não é nosso começo. É um dia de continuidade. No entanto, isso não deveria nos fazer menos feliz quando celebramos nosso "feliz dia de continuidade".

Já que nunca nascemos, como poderíamos deixar de existir? Isso é o que o Sutra do Coração nos revela. Quando temos a experiência tangível de não-nascimento e não-morte, nos conhecemos além da dualidade. A meditação sobre "nenhum eu separado" é uma maneira de passar pelo portão do nascimento e morte.

Sua mão prova que você nunca nasceu e nunca irá morrer. O fio da vida nunca foi interrompido desde o tempo sem início até agora. Gerações prévias, por todo caminho inverso até os seres unicelulares, estão presentes na sua mão neste momento. Você pode observar e experimentar isso. Sua mão está sempre disponível como um objeto para meditação.

Thich Nhat Hanh, em "Present Moment, Wonderful Moment".

domingo, janeiro 13, 2008



assim,

a neve demora-se
no cimo da árvore

- até ser nuvem.

sexta-feira, janeiro 11, 2008



O perfume do sândalo,
rododendro ou jasmim,
não viaja contra o vento.
Mas a fragância da virtude
viaja mesmo contra o vento
e atinge os confins do mundo.

Como se fazem grinaldas com flores
tiradas de um monte,
extrai da tua vida muitas boa acções.


Excerto de Dhammapada