quinta-feira, novembro 30, 2006

Abraçar o mundo



Junto daquela árvore onde nos encontrávamos ao final da tarde,

Sol da montanha, o pequeno menino perguntou-me:

- se eu levar o meu braço e der a minha mão a outra mão e essa mão se estender até chegar a outra mão e essa também se estender a outra mão, posso abraçar o mundo?

Nesse dia percebi o tanto que esqueci ao achar saber.

Daterra

quarta-feira, novembro 29, 2006

caminhar



possamos caminhar.

sim,

possamos juntos caminhar,

como árvores que crescem simplesmente,

como o ar que sopra na imensidão do vazio

sem que se possa agarrar.

sim,

ser connosco o nós,

gesto do gesto,

amor do amor,

vida da própria vida.


Daterra

quinta-feira, novembro 23, 2006



vive com a consciência de quem está a morrer

e morre com a alegria de uma criança.

Daterra

quarta-feira, novembro 22, 2006

Sendo

Não chames o estar triste de tristeza,
nem digas para ti que não passará.
Chama antes estar triste
e lembra-te que triste, é não sentir nada.

Permite-te sentir, ver o teu rosto,
de todas as formas, o teu rosto.
Se ainda assim te sentires triste por estar triste,
faz um poema e doa-o à vida.

Logo compreenderás que as folhas caem no momento certo
e que as estações são apenas estações.

E quando a alegria te chamar,
em gestos longos,
ao sentires o teu abraço envolver os oceanos,
ao te sentires de novo uma criança
no aconchego de uma árvore,
diz-lhe baixinho mas sem receios,
“como é bom sentir-te”.

Acolhe-te e vive-te assim também.
Depois, brinca sempre pela primeira vez sob o coração do mundo.

E sendo, penetra o âmago da terra e do céu.

Daterra



terça-feira, novembro 21, 2006

"ensinando, aprende, aprendendo, ensina"

Estou a ler um livro de Paulo Freire, chama-se "a pedagogia da autonomia" e é íncrível o pensamento claro e profundo deste senhor.

Deixo-vos uma pequena passagem sobre o "aprender":

"... aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito"

Paulo Freire

para conhecer mais sobre este pedagogo: http://www.paulofreire.org/

hoje pensei sobre...

não posso compreender fora da compreensão.

Daterra

segunda-feira, novembro 20, 2006

talvez

É verdade que nem sempre a vida se mostra como gostaríamos mas, talvez possamos

reconhecer algo muito importante na essência desse facto, que é a possibilidade de a poder viver

e experimentar assim. Talvez isso seja um grande contributo ao nosso crescimento.


Daterra

domingo, novembro 19, 2006

con-tudo



quando me pergunto quem sou,

ouço no meu interior aquela voz que diz:

“não sou nada”.

ao nada, nada há acrescentar, quanto ao resto,

sou con-tudo.

Daterra

con-tudo

...

quando me pergunto o que é o amor,

ouço no meu interior aquela voz que diz:

“o amor é ser con-tudo”.

como o eco no silêncio.


Daterra

sexta-feira, novembro 17, 2006

olhar

olho o espaço na minha frente.

repouso o olhar sobre a janela

e percorro como quem abraça

os traços que a chuva deixa no ar.

sento-me.

sem pressa permito-me estar presente a esta observação.

agora,

não há mais nada a acrescentar.

compreendes-me?


Daterra

segunda-feira, novembro 13, 2006

quando for pequeno, vou deixar de querer tanto e assim viver mais.

Daterra

quarta-feira, novembro 08, 2006

estórias de quem vive

e o vellho falou:

ao olhares o fruto que agora provas, lembra-te que ele é também a semente que o criou.

todas as fases do seu crescimento fazem pulsar um coração atento.

nenhuma existe de facto sem a outra.

a beleza permeia o todo.


Daterra

saudação à Terra



acolhes-me no teu ventre e dás-me vida.

entre o viver e o morrer estás tu.

sem mais além,

sem mais aquém,

neste silêncio.


sinto o teu rosto tecer a minha pele.

terra.

alimento dos vivos e dos mortos,

a tua fala é a imortalidade dos que te ouvem.

terra.

a minha pulsação.

e quando o teu olhar, de gesto suave,

se fechar no meu,

nesse instante,

devolvo o que nunca me pertenceu,

retorno ao teu aconchego

em plenitude e reconhecimento.

morro da minha ilusão.

sou daterra

e sou terra também.


coração que bate ainda ao morrer-me.


Daterra


sábado, novembro 04, 2006

portas de amar


chegamos às portas de amar,

o coração soletra breves e incertos gestos.

sentimentos criança,

digo para mim em tom baixo,

os mesmos que trago hoje comigo.

chegamos às portas de amar,

sempre pela primeira vez.

Daterra

sexta-feira, novembro 03, 2006

Dez coisas a fazer - ecologia