Vim entregar ao mar todas
as coisas não compreendidas,
porque sei que ele desconhece
a verdade como quem sorri.
Daterra
olhando à sua volta observou: fala-me do silêncio das coisas
Vim entregar ao mar todas
Não me ensines como quem indica um caminho,
Sento-me sobre as raízes desta árvore
olho à minha volta na certeza do que sou.
as folhas das árvores a mexerem-se comigo.
caem sem hesitações.
o rio segue eternamente o seu percurso sem que o saiba.
e eu!?
ah, eu também…
como são reveladores estes momentos.
os cheiros das flores mostram-me um pouco mais de mim.
como tenho a certeza de mim sem que seja nada por certo.
e existo a cada momento.
desconheço o princípio e fim daquilo que sou.
será que o tenho?
ah, mas eu vejo cada instante e sinto que me tenho enganado
sobre as coisas da vida.
e as folhas das árvores a mexerem-se com o vento!
como posso dizê-lo !?
a cada instante a minha revelação.
e sinto que me tenho enganado quando penso e tento compreender
as coisas juntando-lhe outras coisas!
como posso dizê-lo!?
sou eternamente.
e poderia não ser?
os homens têm falado muito e sentido pouco.
não me posso encontrar porque não estou perdido.
têm falado muito e sentido pouco.
oh, mas encontrar não
e sei que tudo vai continuar enquanto se procura.
oh, a verdade é uma mentira.
Daterra