segredo I
Sento-me sobre as raízes desta árvore
e sinto que também nela há algo de mim,
como se dizer "nós" fosse já estranho.
Sento-me e penso em todos os poemas da vida.
De facto, os poemas são um bom refúgio para
mim que sou desajeitado com os certos e
os errados.
Se pudesse dizer o que sinto por momentos,
quando me esqueço de tudo o que me fizeram crer,
diria a todos que com tudo se faz amor, que em tudo
mora a mesma plenitude.
Se pudesse falar ainda um pouco mais, ainda diria que
mais vale a loucura aos dias contados, que a vida deve
ser bebida como se nunca antes provada.
E as coisas que por aí dizem os que sabem,
são apenas mentiras de brincar.
Ah
mas eu quero cantar a vida sem medo da loucura,
por isso sento-me sobre as raízes desta árvore e sei
que ela me fala dos segredos das coisas, como se num
sussurro, ensina-me a viver apenas.
Daterra
1 Comments:
Amigo, durante esta viagem estive lendo o livro A Escada em Espiral, de Karen Armstrong, e muitas vezes lembrei-me de ti, e nesta passagem em especial:
Deve ser assim que a vida humana funciona. Quem ama sua vida a perderá; quem perde sua vida a salvará. Esse não é um comando arbitrário de Deus, mas simplesmente uma lei da condição humana. Quem faz o bem sem olhar a quem e sem esperar nada em troca de algum modo será recompensado -- ainda que de outra forma.
Um abraço bom.
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