quinta-feira, janeiro 31, 2008

Não tenho pressa



Não tenho pressa.
Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua:
estão certos.

Ter pressa é crer que a gente
passa adiante das pernas.
Ou que, dando um pulo, salta
por cima da sombra.

Não; não tenho pressa.
Se estendo um braço,
chego exactamente onde
o meu braço chega.

Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
E isto faz rir como todas as verdades
absolutamente verdadeiras.

Mas o que faz rir a valer é que nós
pensamos sempre noutra cousa.
E somos vadios do nosso corpo.

Alberto Caeiro
Nota: A bonita imagem chega-nos pela gentileza da amiga Atimati.
Na imagem vemos a sua mestra de branco, shantimayi, com arundati .

2 Comments:

At 29 fevereiro, 2008, Blogger ISABEL Mar said...

k lindo... Fernando Pessoa é o meu poeta favorito e Alberto Caeiro é o Mestre, não é??? não conhecia e pensei que fosse um poema budista... e é, não é? ou melho, para quê colocar rótulos?
bjs
mta luz pa ti

 
At 25 março, 2008, Blogger papoila said...

adorei este poema sobre a pressa
um dia quando me dei conta de correr para um avião em Paris como uma louca jurei nunca mais correr assim, mão fazer nada com essas atitude
a pressa é tão stressante e não nos deixa saborear o momento
obrigada por me fazer recordar....

 

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