A primeira palavra
É raro, desde há uns tempos para cá, escrever poesia. Houve alturas em que escrevi com regularidade, pautado muitas vezes pela luminosidade ténue da poesia de Eugénio de Andrade.
O processo de criação poética mostrava-se porém doloroso. Procurar as palavras, num ofício de paciência, reinventar emoções, lugares... uma quase arqueologia das palavras e dos sentires.
Escrever desta forma assumia em mim um traço de sofrimento que creio não ser necessário. O haiku, na sua estética simples e de uma brevidade não presunçosa, emergiu então como uma outra perspectiva da escrita, do belo...
"Deixei" a poesia, pelo menos nas características que nos são mais familiares, e investi na microscópica visão do haiku.
Mas ainda me invade por vezes a vontade de escrever poesia. Às vezes resisto, ao sentir qualquer emaranhado de palavras, fecho o caderno e guardo-o de novo na estante. Não quero escrever.
Outras vezes há em que não posso fazer nada e uns versos surgem inevitavelmente nas folhas brancas do meu caderno. O poema que agora partilho surgiu assim... entre a resistência em escrever e uma vontade de fazer poesia. A primeira palavra é então o desafio que recoloco a mim...
O processo de criação poética mostrava-se porém doloroso. Procurar as palavras, num ofício de paciência, reinventar emoções, lugares... uma quase arqueologia das palavras e dos sentires.
Escrever desta forma assumia em mim um traço de sofrimento que creio não ser necessário. O haiku, na sua estética simples e de uma brevidade não presunçosa, emergiu então como uma outra perspectiva da escrita, do belo...
"Deixei" a poesia, pelo menos nas características que nos são mais familiares, e investi na microscópica visão do haiku.
Mas ainda me invade por vezes a vontade de escrever poesia. Às vezes resisto, ao sentir qualquer emaranhado de palavras, fecho o caderno e guardo-o de novo na estante. Não quero escrever.
Outras vezes há em que não posso fazer nada e uns versos surgem inevitavelmente nas folhas brancas do meu caderno. O poema que agora partilho surgiu assim... entre a resistência em escrever e uma vontade de fazer poesia. A primeira palavra é então o desafio que recoloco a mim...
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lanço a primeira palavra -
um rumor de searas
a tremer nos dedos.
a primeira palavra -
o peso demasiado leve
demasiado pesado
do húmus da terra.
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3 Comments:
a estética do haiku está bem patente... o despojamento... o caminhar para o essencial... acho eu ... tu me dirás :)
esse percurso tb me é próprio ;)
Da maneira como me lembro de você, Lécio, basta você ser, e ser você, para escrever poesia. Basta você estar, e estar você, para escrever poesia. Basta você sorrir, desenhar, dançar, amar. Basta você viver.
Não há o que escrever ainda, você está escrevendo poesia sempre, vivendo a sua vida da maneira como já a vive.
Mas é bom rever-te aqui pelo blog, escrevendo, compartilhando conosco!
Um abraço amigo.
Paz, Amor e Alegria.
A felicidade é ardilosa,
Só chega com a idade:
Meus cabelos estão brancos!
Gasshô
JõDõ
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